Irecê: Abatedouro é esperança de criadores e novos empregos
Com o funcionamento do abatedouro de Irecê, a cadeia produtiva da criação de animais para abate ganha importante aliado e abre oportunidade de novos empregos no campo e na cidade.
Um dos velhos gargalos para os criadores de animais na região de Irecê sempre foi a inexistência de um abatedouro inspecionado pelas autoridades sanitárias. No período entre 2001 e 2003, o cenário em todos os municípios era preocupante, do ponto de vista da saúde sanitária, no que se refere ao abate de animais, transporte e comercialização das carnes.
Já era parte do cenário, quase que patrimônio cultural imaterial, o transporte de carnes em carroças e um cachorro sentado encima das carnes, desfilando pelas principais ruas ireceenses. Ninguém dava atenção àquelas imagens, até que os órgãos de controle, a ADAB – Agência de Defesa Agropecuária da Bahia e o Ministério Público Estadual, atuaram com rigor.
Depois de vários anos de notificações para que os empreendimentos se enquadrassem às normas, finalmente os órgãos atuaram, impedindo que todos os “matadouros” clandestinos se mantivessem em funcionamento e proibiram o transporte e comercialização de carnes fora das normas de segurança alimentar.
As ações causaram transtornos para todos os açougueiros com pontos fixos e comerciantes de carnes em feiras livres, com prejuízos financeiros para toda a cadeia de atividades relacionada ao setor, principalmente os pequenos criadores de bovinos, caprinos e ovinos.
A população passou a consumir carnes inspecionadas de frigoríficos de outras regiões do estado e também de abates clandestinos que continuam até os dias de hoje, porém de forma mais discreta e com adoção de algumas orientações sanitárias.
ABATEDOURO, 15 ANOS DEPOIS E O DESAFIO DA VIABILIDADE FINANCEIRA
Em 7 de novembro de 2005 foi realizado o Grito do Sertão, fruto de uma agenda estratégica do Fórum Regional de Debates, que tinha mais de 20 reivindicações de interesse regional para as autoridades públicas do Estado e do Governo Federal, incluindo-se aí, a construção e operação de um abatedouro que atendesse às exigências das autoridades sanitárias. A proposta foi entregue no dia 22 de novembro de 2005 na Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura.
O início da construção trouxe esperanças para os pecuaristas e comerciantes de carnes e derivados de toda a região, porém, mesmo após a licença ambiental de operação ter sido expedida em 2010, o empreendimento não encontrou, até a pouco tempo, empreendedores interessados em operar o equipamento, por questões de segurança de ordem econômica e financeira.
A ausência da produção de animais em quantidade suficiente para viabilizar o funcionamento do frigorífico foi sempre a barreira fundamental. “Para que o empreendimento possa ser viável, temos de abater ao menos 200 animais por dia”, salienta João Lisboa, empresário do sudoeste baiano, que assumiu a concessão pública licitada pela Prefeitura de Irecê, iniciando as atividades do abatedouro, depois de 15 anos de expectativas.
De acordo com o empresário, o aumento de abates ocorrerá processualmente até chegar no volume desejado. “Estamos abatendo em média 60 animais/dia, funcionando três horas por dia, com 40 pessoas empregadas”, disse.
João Lisboa informou ainda, que para manter a operação do abatedouro, está preparado para importar animais de outras regiões e até mesmo de outros estados. “Se necessário, vamos comprar em outras praças os animais suficientes para garantir a viabilidade operacional. Por enquanto estamos trabalhando apenas com bovino, mas a partir de dezembro, pretendemos abater caprinos, ovinos e suínos”, pontuou o empresário.
De acordo com ele, dependendo do fluxo de demandas e mercado, o Frinordeste poderá contratar até 200 funcionários quando estiver produzindo em sua capacidade máxima, podendo se ter dois turnos de trabalho, um para bovinos e outro para os demais animais.
O site Cultura&Realidade também quis saber se o empreendimento vai apenas prestar serviços de abate ou se vai comprar a produção dos criadores. “Vamos prestar serviços de abates e também comprar a produção para distribuição em outros mercados”, afirmou.
A reportagem do site Cultura&Realidade esteve visitando a área de operação, onde constatou as diferentes etapas de abate e trato dos animais, que ao final tem suas carcaças carimbadas e disponibilizadas para a câmara fria, de onde sai para o mercado consumidor.
Todo o processo desde a entrada dos animais na linha de abate, até o seu carregamento para a logística é inspecionado por oito profissionais graduados e especialistas em medicina veterinária e zootecnia. “Nosso pessoal é qualificado para atender todas as exigências sanitárias e ambientais”, concluiu Lisboa, ao apresentar a metodologia de gestão dos resíduos, que usa tecnologia sergipana de combate às bactérias nas lagoas de descartes, onde se constatou não ocorrer nenhum impacto ambiental, mesmo um mês depois de iniciadas as atividades.
COMEÇOU NO GRITO
O Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Irecê, João Gonçalves, que esteve visitando o empreendimento, ficou satisfeito com o que viu. “Estou de fato muito feliz. Em novembro de 2005, na condição de Coordenador do Forum Regional de Debates e membro da comissão que realizou o Grito do Sertão, ao lado de vários colegas que ajudaram a promover o ato, tive o prazer de entregar às mãos do Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, o pedido da construção do matadouro, cujos recursos foram viabilizados por emenda parlamentar conjunta dos deputados federais à época, Walter Pinheiro (PT) e José Rocha (DEM). Posteriormente, já como Secretário de Meio Ambiente, na gestão do prefeito Zé das Virgens, tive o privilégio de expedir a primeira Licença Ambiental de Operação e por fim, no ano passado, na gestão do prefeito Elmo Vaz, ao retornar à titularidade do mesmo órgão ambiental, tive a oportunidade de emitir a renovação da Licença de Operação, sem a qual o empreendimento não poderia funcionar. Ao ver o empreendimento funcionando, não tem como não ficar feliz em fazer parte desta história. Que João Lisboa tenha êxito total e que Elmo Vaz, que liderou as articulações para viabilizar o início das atividades, seja agraciado com louvor”.
“O funcionamento do abatedouro melhora as oportunidades dos criadores e gera empregos diretos no empreendimento e abre possibilidades de empregos indiretos no mercado e nas propriedades rurais”, conclui o presidente do Sindicato Patronal Rural.
Veja mais notícias de Gentio do Ouro e região no Portal Meio Minuto.
Com o funcionamento do abatedouro de Irecê, a cadeia produtiva da criação de animais para abate ganha importante aliado e abre oportunidade de novos empregos no campo e na cidade.
Um dos velhos gargalos para os criadores de animais na região de Irecê sempre foi a inexistência de um abatedouro inspecionado pelas autoridades sanitárias. No período entre 2001 e 2003, o cenário em todos os municípios era preocupante, do ponto de vista da saúde sanitária, no que se refere ao abate de animais, transporte e comercialização das carnes.
Já era parte do cenário, quase que patrimônio cultural imaterial, o transporte de carnes em carroças e um cachorro sentado encima das carnes, desfilando pelas principais ruas ireceenses. Ninguém dava atenção àquelas imagens, até que os órgãos de controle, a ADAB – Agência de Defesa Agropecuária da Bahia e o Ministério Público Estadual, atuaram com rigor.
Depois de vários anos de notificações para que os empreendimentos se enquadrassem às normas, finalmente os órgãos atuaram, impedindo que todos os “matadouros” clandestinos se mantivessem em funcionamento e proibiram o transporte e comercialização de carnes fora das normas de segurança alimentar.
As ações causaram transtornos para todos os açougueiros com pontos fixos e comerciantes de carnes em feiras livres, com prejuízos financeiros para toda a cadeia de atividades relacionada ao setor, principalmente os pequenos criadores de bovinos, caprinos e ovinos.
A população passou a consumir carnes inspecionadas de frigoríficos de outras regiões do estado e também de abates clandestinos que continuam até os dias de hoje, porém de forma mais discreta e com adoção de algumas orientações sanitárias.
ABATEDOURO, 15 ANOS DEPOIS E O DESAFIO DA VIABILIDADE FINANCEIRA
Em 7 de novembro de 2005 foi realizado o Grito do Sertão, fruto de uma agenda estratégica do Fórum Regional de Debates, que tinha mais de 20 reivindicações de interesse regional para as autoridades públicas do Estado e do Governo Federal, incluindo-se aí, a construção e operação de um abatedouro que atendesse às exigências das autoridades sanitárias. A proposta foi entregue no dia 22 de novembro de 2005 na Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura.
O início da construção trouxe esperanças para os pecuaristas e comerciantes de carnes e derivados de toda a região, porém, mesmo após a licença ambiental de operação ter sido expedida em 2010, o empreendimento não encontrou, até a pouco tempo, empreendedores interessados em operar o equipamento, por questões de segurança de ordem econômica e financeira.
A ausência da produção de animais em quantidade suficiente para viabilizar o funcionamento do frigorífico foi sempre a barreira fundamental. “Para que o empreendimento possa ser viável, temos de abater ao menos 200 animais por dia”, salienta João Lisboa, empresário do sudoeste baiano, que assumiu a concessão pública licitada pela Prefeitura de Irecê, iniciando as atividades do abatedouro, depois de 15 anos de expectativas.
De acordo com o empresário, o aumento de abates ocorrerá processualmente até chegar no volume desejado. “Estamos abatendo em média 60 animais/dia, funcionando três horas por dia, com 40 pessoas empregadas”, disse.
João Lisboa informou ainda, que para manter a operação do abatedouro, está preparado para importar animais de outras regiões e até mesmo de outros estados. “Se necessário, vamos comprar em outras praças os animais suficientes para garantir a viabilidade operacional. Por enquanto estamos trabalhando apenas com bovino, mas a partir de dezembro, pretendemos abater caprinos, ovinos e suínos”, pontuou o empresário.
De acordo com ele, dependendo do fluxo de demandas e mercado, o Frinordeste poderá contratar até 200 funcionários quando estiver produzindo em sua capacidade máxima, podendo se ter dois turnos de trabalho, um para bovinos e outro para os demais animais.
O site Cultura&Realidade também quis saber se o empreendimento vai apenas prestar serviços de abate ou se vai comprar a produção dos criadores. “Vamos prestar serviços de abates e também comprar a produção para distribuição em outros mercados”, afirmou.
A reportagem do site Cultura&Realidade esteve visitando a área de operação, onde constatou as diferentes etapas de abate e trato dos animais, que ao final tem suas carcaças carimbadas e disponibilizadas para a câmara fria, de onde sai para o mercado consumidor.
Todo o processo desde a entrada dos animais na linha de abate, até o seu carregamento para a logística é inspecionado por oito profissionais graduados e especialistas em medicina veterinária e zootecnia. “Nosso pessoal é qualificado para atender todas as exigências sanitárias e ambientais”, concluiu Lisboa, ao apresentar a metodologia de gestão dos resíduos, que usa tecnologia sergipana de combate às bactérias nas lagoas de descartes, onde se constatou não ocorrer nenhum impacto ambiental, mesmo um mês depois de iniciadas as atividades.
COMEÇOU NO GRITO
O Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Irecê, João Gonçalves, que esteve visitando o empreendimento, ficou satisfeito com o que viu. “Estou de fato muito feliz. Em novembro de 2005, na condição de Coordenador do Forum Regional de Debates e membro da comissão que realizou o Grito do Sertão, ao lado de vários colegas que ajudaram a promover o ato, tive o prazer de entregar às mãos do Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, o pedido da construção do matadouro, cujos recursos foram viabilizados por emenda parlamentar conjunta dos deputados federais à época, Walter Pinheiro (PT) e José Rocha (DEM). Posteriormente, já como Secretário de Meio Ambiente, na gestão do prefeito Zé das Virgens, tive o privilégio de expedir a primeira Licença Ambiental de Operação e por fim, no ano passado, na gestão do prefeito Elmo Vaz, ao retornar à titularidade do mesmo órgão ambiental, tive a oportunidade de emitir a renovação da Licença de Operação, sem a qual o empreendimento não poderia funcionar. Ao ver o empreendimento funcionando, não tem como não ficar feliz em fazer parte desta história. Que João Lisboa tenha êxito total e que Elmo Vaz, que liderou as articulações para viabilizar o início das atividades, seja agraciado com louvor”.
“O funcionamento do abatedouro melhora as oportunidades dos criadores e gera empregos diretos no empreendimento e abre possibilidades de empregos indiretos no mercado e nas propriedades rurais”, conclui o presidente do Sindicato Patronal Rural.
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