Fome histórica convive com energia do futuro no semiárido do Piauí
— A energia limpa não produz riqueza para o entorno das torres onde é gerada —
O Piauí é o terceiro maior gerador brasileiro de energia eólica, tem grande plantas de produção de energia solar e tem projeto europeu para hidrogênio verde, mas todos esses passos para uma economia descarbonizada não mudaram a dura realidade de pobreza no semiárido, conforme mostrou na sua edição de terça-feira o jornal Folha de S. Paulo, em reportagem intitulada “fome histórica convive com energia do futuro no semiárido do Piauí”.
O texto da Folha mostra uma realidade bem conhecida: as torres de geração de energia eólica que se espalham pelo Sudeste do Piauí, em plena região semiárida, convivem com uma realidade de casebres de taipa, falta de água tratada e de alimentos. A energia limpa não produz riqueza para o entorno das torres onde é gerada.
O jornal cita a obra clássica de Josué de Castro, a "Geografia da Fome" (Todavia), estudo pioneiro sobre insegurança alimentar no Brasil, no qual o médico descreveu em 1940 o que se repete na segunda década do século XXI: “Sem reservas alimentares e sem poder aquisitivo para adquirir alimentos nas épocas de carestia, o sertanejo não tem defesa e cai irremediavelmente nas garras da fome".
Mais de 70 anos depois, é isso o que ainda acontece na casa de teto baixo, à sombra das hélices dos aerogeradores, em que Maria das Graças Souza Silva, 31, vive com o companheiro e seus seis filhos, a mais nova com apenas 4 meses, o mais velho com 10 anos de idade”, diz a Folha de S. Paulo sobre a vida de uma família em Betânia do Piauí.
Maria das Graças, a personagem do texto jornalístico da Folha, diz que se sente “amargurada por dentro porque aqui não tem serviço para a pessoa ganhar dinheiro para dar de comer aos filhos”. Ela sobrevive com o Bolsa Família.
A mulher citada pela Folha faz parte de um contingente de 12 milhões de nordestinos que passam fome, segundo o inquérito de Segurança Alimentar elaborado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan).
Segundo esse mesmo estudo, Betânia do Piauí, onde estão as torres eólicas, uma em cada três moradores passa fome. A cidade tem 6.000 residentes.
RESULTADOS
Embora os grandes projetos de produção de energia eólica no semiárido tenham apresentado impactos macroeconômicos sobre o Produto Interno Bruto dos municípios que os sediam, não há estudos acerca dos benefícios diretos às famílias das áreas em que as torres foram instaladas.
Segundo o registro da Folha de S. Paulo, em Betânia do Piauí, por exemplo, as torres de vento de Betânia do Piauí fazem parte de um complexo de parques eólicos da Auren Energia, ligada ao grupo Votorantim, que recebeu, em 2021, R$ 1,6 bilhão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O BNDES informou ao jornal que o financiamento trouxe contrapartida para a comunidade: geração de empregos e de impostos, as compensações ambientais e a construção de uma área de lazer e de uma escola.
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— A energia limpa não produz riqueza para o entorno das torres onde é gerada —
O Piauí é o terceiro maior gerador brasileiro de energia eólica, tem grande plantas de produção de energia solar e tem projeto europeu para hidrogênio verde, mas todos esses passos para uma economia descarbonizada não mudaram a dura realidade de pobreza no semiárido, conforme mostrou na sua edição de terça-feira o jornal Folha de S. Paulo, em reportagem intitulada “fome histórica convive com energia do futuro no semiárido do Piauí”.
O texto da Folha mostra uma realidade bem conhecida: as torres de geração de energia eólica que se espalham pelo Sudeste do Piauí, em plena região semiárida, convivem com uma realidade de casebres de taipa, falta de água tratada e de alimentos. A energia limpa não produz riqueza para o entorno das torres onde é gerada.
O jornal cita a obra clássica de Josué de Castro, a "Geografia da Fome" (Todavia), estudo pioneiro sobre insegurança alimentar no Brasil, no qual o médico descreveu em 1940 o que se repete na segunda década do século XXI: “Sem reservas alimentares e sem poder aquisitivo para adquirir alimentos nas épocas de carestia, o sertanejo não tem defesa e cai irremediavelmente nas garras da fome".
Mais de 70 anos depois, é isso o que ainda acontece na casa de teto baixo, à sombra das hélices dos aerogeradores, em que Maria das Graças Souza Silva, 31, vive com o companheiro e seus seis filhos, a mais nova com apenas 4 meses, o mais velho com 10 anos de idade”, diz a Folha de S. Paulo sobre a vida de uma família em Betânia do Piauí.
Maria das Graças, a personagem do texto jornalístico da Folha, diz que se sente “amargurada por dentro porque aqui não tem serviço para a pessoa ganhar dinheiro para dar de comer aos filhos”. Ela sobrevive com o Bolsa Família.
A mulher citada pela Folha faz parte de um contingente de 12 milhões de nordestinos que passam fome, segundo o inquérito de Segurança Alimentar elaborado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan).
Segundo esse mesmo estudo, Betânia do Piauí, onde estão as torres eólicas, uma em cada três moradores passa fome. A cidade tem 6.000 residentes.
RESULTADOS
Embora os grandes projetos de produção de energia eólica no semiárido tenham apresentado impactos macroeconômicos sobre o Produto Interno Bruto dos municípios que os sediam, não há estudos acerca dos benefícios diretos às famílias das áreas em que as torres foram instaladas.
Segundo o registro da Folha de S. Paulo, em Betânia do Piauí, por exemplo, as torres de vento de Betânia do Piauí fazem parte de um complexo de parques eólicos da Auren Energia, ligada ao grupo Votorantim, que recebeu, em 2021, R$ 1,6 bilhão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O BNDES informou ao jornal que o financiamento trouxe contrapartida para a comunidade: geração de empregos e de impostos, as compensações ambientais e a construção de uma área de lazer e de uma escola.
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