Cresce em 43% a violência contra a mulher em Irecê, surpreendendo a própria polícia
Público debate a questão da violência doméstica contra as mulheres, depois da peça Sobejo - Foto: Divulgação
Discutir a violência doméstica contra a mulher, foi o objetivo de seminário realizado pelo Centro de Referência da Mulher do Território (CRM), com sede em Irecê, na tarde da última terça-feira (17) no Cine Teatro da Praça Céu. A discussão teve como base, a peça teatral Sobejo, um belíssimo solo com a atriz Eddy Veríssimo, sob a direção de Luiz Buranga.
A coordenadora do CRM, Robéria Santana, ressaltou que o evento promoveu importante reflexão sobre um grito “que muitas vezes não ecoa, o grito da violência doméstica”.
Ao final da peça, ocorreu um debate com participação de militantes dos movimentos feministas e mulheres que em algum momento foram vítimas de violência doméstica, modalidade que vem em uma crescente na região de Irecê e no Brasil.
Robéria informou ao Cultura&Realidade, que o CRM/Irecê atende atualmente 80 mulheres vítimas de diferentes formas de violências, as quais são assistidas por uma equipe multidisciplinar, formada por psicóloga, assistente social e advogada.
43% FOI O AUMENTO DA VIOLÊNCIA EM IRECÊ
“Neste ano, a violência doméstica cresceu com referência aos demais anos”, afirmou a Coordenadora. A informação é confirmada pelo Delegado Almir Fernandes, titular da 14ª Corpin – Coordenadoria de Polícia do Interior, sediada em Irecê.
De acordo com dados fornecidos pela 14ª Corpin, no ano de 2017 foram instaurados 118 inquéritos policiais, contra 101 em 2018, porém, para surpresa dos agentes policiais, em 2019, até esta terça-feira, 17, foram registradas 264 ocorrências com abertura de 144 inquéritos. Amento de 43% com relação ao ano passado.
“Nos sentimos surpreendidos com o aumento dos casos de violência contra a mulher este ano. Não sabemos dizer se ocorreu aumento das ações violentas de fato, ou se as mulheres passaram a se encorajar mais, no sentido de denunciar os atos. De qualquer sorte a situação é preocupante e esperamos inaugurar em breve um Núcleo Especial de Atenção à mulher vítima de violência e somar esforços com outras estruturas visando ampliar a assistência psicosocial”, disse Almir Fernandes.
PELO BRASIL
Estudos divulgados em agosto deste ano, pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a cada ano, cerca de 1,3 milhão de mulheres são agredidas no Brasil, segundo dados do suplemento de vitimização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2009,cujos indicadores tem sofrido aumentos a cada ano, chegando a 2019 com alarmantes números de feminicídios.
Estudo inédito do Ipea analisa essa estatística alarmante ao estimar o efeito da participação da mulher no mercado de trabalho sobre a violência doméstica. De acordo com a pesquisa, o índice de violência contra mulheres que integram a população economicamente ativa (52,2%) é praticamente o dobro do registrado pelas que não compõem o mercado de trabalho (24,9%).
Os autores do estudo notaram que existe uma relação complexa entre a participação feminina no mercado de trabalho (PFMT) e as chances de a mulher sofrer violência doméstica.
PERFIL DA VIOLÊNCIA
O índice de violência doméstica com vítimas femininas é três vezes maior que o registrado com homens. Os dados avaliados na pesquisa mostram também que, em 43,1% dos casos, a violência ocorre tipicamente na residência da mulher, e em 36,7% dos casos a agressão se dá em vias públicas.
Na relação entre a vítima e o perpetrador, 32,2% dos atos são realizados por pessoas conhecidas, 29,1% por pessoa desconhecida e 25,9% pelo cônjuge ou ex-cônjuge. Com relação à procura pela polícia após a agressão, muitas mulheres não fazem a denúncia por medo de retaliação ou impunidade: 22,1% delas recorrem à polícia, enquanto 20,8% não registram queixa.
O estudo ressalta que a violência possui fortes implicações para o desenvolvimento do país, uma vez que envolvem perdas de produtividade das vítimas, eventuais custos com tratamento no sistema de saúde e menor participação da mulher no mercado de trabalho. Crianças que vivem em lares onde prevalece a violência doméstica possuem maior probabilidade de desenvolver problemas comportamentais na primeira infância e, a partir da adolescência, se envolver em atividades criminosas.
Público debate a questão da violência doméstica contra as mulheres, depois da peça Sobejo - Foto: Divulgação
Discutir a violência doméstica contra a mulher, foi o objetivo de seminário realizado pelo Centro de Referência da Mulher do Território (CRM), com sede em Irecê, na tarde da última terça-feira (17) no Cine Teatro da Praça Céu. A discussão teve como base, a peça teatral Sobejo, um belíssimo solo com a atriz Eddy Veríssimo, sob a direção de Luiz Buranga.
A coordenadora do CRM, Robéria Santana, ressaltou que o evento promoveu importante reflexão sobre um grito “que muitas vezes não ecoa, o grito da violência doméstica”.
Ao final da peça, ocorreu um debate com participação de militantes dos movimentos feministas e mulheres que em algum momento foram vítimas de violência doméstica, modalidade que vem em uma crescente na região de Irecê e no Brasil.
Robéria informou ao Cultura&Realidade, que o CRM/Irecê atende atualmente 80 mulheres vítimas de diferentes formas de violências, as quais são assistidas por uma equipe multidisciplinar, formada por psicóloga, assistente social e advogada.
43% FOI O AUMENTO DA VIOLÊNCIA EM IRECÊ
“Neste ano, a violência doméstica cresceu com referência aos demais anos”, afirmou a Coordenadora. A informação é confirmada pelo Delegado Almir Fernandes, titular da 14ª Corpin – Coordenadoria de Polícia do Interior, sediada em Irecê.
De acordo com dados fornecidos pela 14ª Corpin, no ano de 2017 foram instaurados 118 inquéritos policiais, contra 101 em 2018, porém, para surpresa dos agentes policiais, em 2019, até esta terça-feira, 17, foram registradas 264 ocorrências com abertura de 144 inquéritos. Amento de 43% com relação ao ano passado.
“Nos sentimos surpreendidos com o aumento dos casos de violência contra a mulher este ano. Não sabemos dizer se ocorreu aumento das ações violentas de fato, ou se as mulheres passaram a se encorajar mais, no sentido de denunciar os atos. De qualquer sorte a situação é preocupante e esperamos inaugurar em breve um Núcleo Especial de Atenção à mulher vítima de violência e somar esforços com outras estruturas visando ampliar a assistência psicosocial”, disse Almir Fernandes.
PELO BRASIL
Estudos divulgados em agosto deste ano, pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a cada ano, cerca de 1,3 milhão de mulheres são agredidas no Brasil, segundo dados do suplemento de vitimização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2009,cujos indicadores tem sofrido aumentos a cada ano, chegando a 2019 com alarmantes números de feminicídios.
Estudo inédito do Ipea analisa essa estatística alarmante ao estimar o efeito da participação da mulher no mercado de trabalho sobre a violência doméstica. De acordo com a pesquisa, o índice de violência contra mulheres que integram a população economicamente ativa (52,2%) é praticamente o dobro do registrado pelas que não compõem o mercado de trabalho (24,9%).
Os autores do estudo notaram que existe uma relação complexa entre a participação feminina no mercado de trabalho (PFMT) e as chances de a mulher sofrer violência doméstica.
PERFIL DA VIOLÊNCIA
O índice de violência doméstica com vítimas femininas é três vezes maior que o registrado com homens. Os dados avaliados na pesquisa mostram também que, em 43,1% dos casos, a violência ocorre tipicamente na residência da mulher, e em 36,7% dos casos a agressão se dá em vias públicas.
Na relação entre a vítima e o perpetrador, 32,2% dos atos são realizados por pessoas conhecidas, 29,1% por pessoa desconhecida e 25,9% pelo cônjuge ou ex-cônjuge. Com relação à procura pela polícia após a agressão, muitas mulheres não fazem a denúncia por medo de retaliação ou impunidade: 22,1% delas recorrem à polícia, enquanto 20,8% não registram queixa.
O estudo ressalta que a violência possui fortes implicações para o desenvolvimento do país, uma vez que envolvem perdas de produtividade das vítimas, eventuais custos com tratamento no sistema de saúde e menor participação da mulher no mercado de trabalho. Crianças que vivem em lares onde prevalece a violência doméstica possuem maior probabilidade de desenvolver problemas comportamentais na primeira infância e, a partir da adolescência, se envolver em atividades criminosas.
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